quarta-feira, 30 de maio de 2012

- Eu não te amo mais...
- Desde quando?
- Desde agora...





"João amava Teresa, que amava Raimundo, que amava Maria, que amava Joaquim, que amava Lili, que não amava ninguém."

"Closer" é um filme de 2004 dirigido por Mike Nichols. É baseado na peça teatral homônima.
Tratando de um assunto delicado como relacionamentos, Closer conta a história de quatro protagonistas: Larry (Clive Owen), Anna (Julia Roberts), Alice (Natalie Portman) e Dan (Jude Law). Dan, jornalista, conhece a bela dançarina Alice, eles se apaixonam e passam a viver juntos. Dan conhece a fotógrafa Anna e passam a viver um caso. O próprio Dan acaba acidentalmente aproximando Anna do médico Larry. Anna e Larry se apaixonam e acabam se casando. Está formado o retângulo amoroso.
Closer lida com o polêmico assunto da traição. Com uma direção segura e um roteiro muito bem amarrado, tudo é tradado de uma forma bem realista e adulta. As atuações do galático elenco convencem muito bem (principalmente Natalie Portman).
Closer tem ainda uma bela fotografia e a excelente trilha sonora incliu Damien Rice e The Smiths.
Depois dessa passada rápida por quase todos os destaques do filme, preciso dedicar um espaço para o que ele tem de melhor, ou seja, os diálogos.
Gostaria de poder descrever, ao menos, as cenas onde esses diálogos acontecem e o que é dito neles. Mas se eu fizesse isso, acabaria sendo uma metralhadora de spoilers do filme. Para não me alongar mais, apenas digo: Assistam!
Definiria Closer como o mais adulto filme sobre traição que já vi.

terça-feira, 29 de maio de 2012

Eu prefiro legendado...

Realizei algumas pesquisas populares com cerca de 50 pessoas. E um dos temas abordados foi a preferência por filme dublados ou legendados.
Antes de mais nada, é interessante apontar que foram 29 mulheres e 21 homens os entrevistados. Também é relevante informar que a idade dos entrevistados variou de 15 até 43 anos.
Para minha enorme surpresa, 70% dos entrevistados preferem filmes legendados, contra 30% dos que preferem dublados.
Por que fiquei surpreso?
Vamos lá, em todo lugar que vemos filmes coletivamente, escolas, grupos na casa de algum amigo, sempre é esmagadora a maioria que vota por filmes dublados.
Pra reforçar isso, antes de realizar essa pesquisa, li num portal de notícias, que em pesquisa encomendada pelo Sindicato das Empresas Distribuidoras Cinematográficas do Município do Rio de Janeiro em 2008, apontou que 56% dos brasileiros preferem filmes dublados, contra 37% que preferem legendados. Nesse estudo, 7% disseram não ter preferência.
Vamos acreditar na sinceridade de meus entrevistados e analisar o resultado como animador.
Há quem defenda que os filmes dublados alterem as "falas" dos personagens. As legendas também alteram. Na minha opinião, o que pesa a favor dos legendados, é o fato de que toda a interpretação do ator é jogada no lixo com a dublagem. Eu, se fosse ator, me sentiria desrespeitado se dublassem minha voz.
Outro ponto que quero comentar é sobre os que dizem que enquanto estão lendo não conseguem acompanhar as imagens. Olha, sinceramente, se você é uma dessas pessoas, sinto dizer que uma toupeira lê melhor que você.
Esse meu post é sim uma campanha contra filmes dublados. Eu tenho o mais puro desprezo por eles e não confio em quem gosta de filmes dublados.

sábado, 26 de maio de 2012

Vamos recomeçar...






O que fazer se nem fugir adianta mais? Buscar a felicidade, recomeçar, perdoar, e sofrer. O quanto você deve confiar? O quanto você deve ter fé na pessoa amada? O sentimento de dependência nunca foi mostrado de uma forma tão sincera num filme.

"Felizes Juntos" é um filme de Hong Kong, lançado em 1997. É dirigido por Kar Wai Wong.

O filme conta a história de Yiu-Fai (Tony Leung Chiu-Wai) e Po-Wing (Leslie Cheung), que formam um casal homossexual de namorados.Em busca de um recomeço para suas vidas e seu relacionamento, eles deixam Hong Kong e vão para Buenos Aires. Eles querem ver as Cataratas do Iguaçu. Eles querem recomeçar.

A imigração acaba sendo desastrosa para eles. Enquanto Po-Wing arruma emprego numa casa de tangos, Yiu-Fai se prostitui para ganhar dinheiro. O filme mostra todo o estranhamento com a nova vida, a nova cidade. Yiu-Fai, aos poucos, vai se distanciando de Po-Wing, um abismo entre os dois é criado. A Po-Wing resta a solidão e a Yiu-Fai, a sensação e que Po-Wing sempre será sua segurança. Quando está na pior, Yiu-Fai sempre busca Po-Wing.

O grande mérito de Felizes Juntos (não poderia ter um nome diferente), é que consegue captar a essência de um relacionamento desmoronando. O filme é forte, triste, e sem final feliz. A cena onde os protagonistas dançam tango juntos, sozinhos numa cozinha suja e vazia é tocante.

Destaco também a bela trilha sonora, com direito a Caetano Veloso. E não posso deixar de destacar a bela fotografia.

terça-feira, 22 de maio de 2012

Pesquisas...

Estou realizando uma pesquisa sobre cinema para avaliar o que as pessoas que vão ler o blog pensam sobre cinema. A idéia é realizar uma pesquisa extremamente pessoal, onde tentarei traçar um parâmetro para saber quais os gêneros prediletos, o que faz essas pessoas verem um fime, etc...
E é claro que, como esse blog está sendo divulgado entre as pessoas que conheço, elas serão o alvo da pesquisa.
Aos poucos, com o final da pesquisa, irei postando e comentando os resultados.

Também está nos meus planos, realizar entrevistas com amigos para bater um papo sobre bons e velhos filmes esquecidos. As entrevistas serão postadas aqui. Mas isso ficará para o próximo semestre.

domingo, 20 de maio de 2012

"O Dia da Marmota"





"Feitiço do Tempo" é um filme de 1993, dirigido por Harold Ramis.

O filme conta a história de Phil Connors (Bill Murray), um mal-humorado jornalista que trabalha como homem do tempo para uma rede de TV. Phil Connors é designado para cobrir o "Dia da Marmota", um tradicional festival da pequena cidade de Punxsutawney. Após a cobertura do festival, Phil só quer poder voltar pra casa mas, impedido por uma nevasca, é obrigado a passar a noite em Punxsutawney. Quando acorda, é novamente o "Dia da Marmota", o que acaba se repetindo todos os dias.

O grande trunfo de Harold Ramis é apostar em contar a mesma história, diversas vezes, de maneiras diferentes. Com a grande variação de humor sofrida por Phil Connors, a cada dia ele tem um tipo de reação diferente para cada situação, sempre influenciado por já conhecer o resultado final, já que ele já viveu a mesma coisa no dia anterior. Simples? Sim. O roteiro pode até soar meio bobo, mas funciona e o filme é engraçadíssimo.

Mas a graça do filme não é apenas isso. Muito se deve ao trabalho do astro Bill Murray. A capacidade de dar a expressão facial correta para as diferentes situações vividas por Phil Connors é fantástica. Bill Murray acerta a mão na sua interpretação. É um dos meus atores prediletos e apenas sua atuação já vale o filme. Admirável a capacidade de improvisação desse grande ator. Feitiço do Tempo conta ainda com a bela Andie MacDowell.

Um grande problema da maioria das comédias/comédias-românticas é tentar empurrar goela abaixo do expectador uma lição de moral. Click, Menina dos Olhos, Todo Poderoso, etc... São inúmeros os filmes que fazem isso. "Seja uma pessoa melhor", "amor e felicidade são mais importante que dinheiro", "grandes poderes trazem grandes responsabilidades" (familiar, não?). Todos esses filmes são recheados com essas mensagens e em seu desfecho, percebemos que isso era o objetivo principal. Em Feitiço do Tempo, existe algo nesse sentido, mas acontece de maneira tão natural que não soa da mesma forma que os exemplos citados. A mensagem está no filme, mas em nenhum momento ela é forçada. Percebemos que apesar de estar inserida ali, ela é contextualizada de tal forma, que não só não incomoda, como funciona como peça fundamental para a conclusão da história. Acertadamente não é o objetivo principal do filme passar lição de moral.




"Dia das Bruxas"





"Halloween" é um filme de terror lançado em 1978 e dirigido por John Carpenter.

O filme conta a história de Michael Myers (Tony Moran). Aos 6 anos de idade, Myers (então interpretado por Will Sandin) esfaqueou e assassinou sua irmão que acabara de transar com o namorado. Era noite de halloween. Ele é então enviado para um sanatório, onde fica exatos 15 anos. Durante a noite de Halloween, Michael, então com 21 anos, foge do sanatório e volta para sua cidade natal, onde irá perseguir e assassinar jovens da vizinhança.

Não gostaria de falar muito desse filme, pelo fato de ter sido um sucesso enorme, principalmente nos estados unidos. O foco que pretendo dar nesse blog é para filmes que não tiveram o merecido reconhecimento. Não é o caso de Halloween. Porém, hoje ele é pouco lembrado entre os grandes filmes de terror, e por isso, por esse "esquecimento", merece um espaço.

Pra falar a verdade, Halloween merece muito mais que um espaço num simples blog de um fã de cinema (não sou crítico e nem tenho tal pretensão). Halloween é o pioneiro no gênero slash-movies. Se hoje vocês assistem "Sexta-Feira 13", "A Hora do Pesadelo", "Pânico" e diversos outros, é por causa de "Halloween".

Vale mencionar que o número de mortes no filme é baixo e quase não há sangue. Esse é o grande méito do filme. O que prende o expectador não é a violência, e sim o suspense, que é o carro chefe do filme.

John Carpenter cria e imortaliza um gênero com essa obra prima que vale ser revisitada. O filme que custou apenas U$ 325.000,00, arrecadou mais de 47 milhões de dólares só nos USA. 

O filme é também o primeiro de Jamie Lee Curtis, com apenas 20 anos (e muito bonita).

quarta-feira, 16 de maio de 2012

Top 7 da Madrugada:

1 – O Homem que não Estava lá, dos irmãos Coen
2 – Short-Cuts: Cenas da vida, de Robert Altman
3 – Antes do Amanhecer, de Richard Linklater
4 – Veludo Azul, de David Lynch
5 – Snatch: Porcos e Diamantes, de Guy Ritchie
6 – Alta Fidelidade, de Stephen Frears
7 – Uma Noite Muito Louca, de Thom Eberhardt

Hoje em dia, com a internet e com TV por assinatura a preço popular, as sessões de filmes exibidas nas madrugadas da TV aberta, perderam um pouco sua utilidade. Era nessas sessões que eu mergulhava madrugadas adentro durante a adolescência e acabei conhecendo filmes que levarei pra sempre comigo. Bons tempos de ficar sentado pertinho da TV pra poder ouvir o baixo volume, já que não podia acordar minha mãe, que me faria ir pra cama.
Existia vida além das grandes produções do cinema e dos filmes no horário nobre. É para as madrugadas que mandam os filmes que já não tem mais o espaço e a atenção merecidos.
Aconselho a todos que garimpem as madrugadas da TV aberta, descobrirão muita coisa boa por lá. Coisa boa que já havia há muito tempo sido esquecida pelos consumidores de cinema.
Bons tempos de Inter-Cine, Sessão de Gala, Corujão e aquela que passava no SBT, como era o nome mesmo? Poxa, o tempo passou... já nem lembro...

terça-feira, 15 de maio de 2012

"In Dreams"





"Veludo Azul" é um filme de 1986, dirigido por David Lynch.
Logo na sua introdução, onde pessoas aparentam felicidade em seus concretizados "sonhos americanos", onde as cercas são brancas e as flores bem coloridas, um velho morre enforcado com a própria mangueira acidentalmente. É um impacto pra ilustrar o que está por vir. No mundo que David Lynch nos apresentará, não existe a perfeição que quase é demonstrada nos minutos iniciais.
O filme conta a história de Jeffrey Beaumont (Kyle McLahan), um jovem estudante que acabou de se formar. Num belo dia, caminhando por um terreno, Jeffrey encontra uma orelha humana. Ele procura a polícia para comunicar o fato, mas não consegue se controlar e, inquieto, inicia uma investigação por conta própria. Conforme a trama vai se desenrolando, Jeffrey mergulha perigosamente em sua investigação, onde cruzará com um dos vilões mais perturbadores que o cinema já conheceu.
Falando no vilão, Frank Booth (Dennis Hopper), é um parágrafo à parte. Hopper domina o filme e cria um personagem inesquecível. Não é possível Veludo Azul sem Frank Booth e não dá pra imaginar outro ator além de Dennis Hopper no papel. A qualidade da interpretação do problemático e genial Dennis Hopper é tamanha, que a sensação é de que o mais terrível personagem que possa existir na nossa imaginação, realmente existe. O perigo e o medo que Frank Booth causa são reais. Ponto para Lynch e ponto para Dennis Hopper. As falas e ações desse personagem icônico são até hoje lembradas pelos fãs do filme. É o que de mais forte ficou de um filme que talvez tenha envelhecido mal.
O fato é que, 26 anos depois de seu lançamento, Veludo Azul caiu no esquecimento, ao menos no Brasil. Vi esse filme pela primira vez nas madrugadas do SBT. As madrugadas... É para lá que vão os bons e velhos filmes...
Veludo Azul é, sem dúvidas, uma boa opção para uma geração que nunca ouviu falar dele e carece de bons suspenses (não me lembro de um suspense tão bom tere surgino na última década!).
Um roteiro que poderia dar errado em outras mãos, funciona como um relógio suiço com David Lynch. É, talvez, o mais narrativo de seus filmes. A forma com que o diretor brinca, tanto no começo quanto no fim, com a sensação de termos um mundo quase perfeito é maravilhosa. O carro de bombeiros em slow-motion, as crianças brincando, os pintarroxos estão lá, como que num comercial de margarina, mas as trevas, a tragédia e os insetos também estão, para que o expectador não se esqueça do medo.
Vale destacar a trilha sonora com várias músicas dos anos 50, principalmente com a belíssima "In Dreams" de Roy Orbison. É ao som dessa música que duas das cenas mais perturbadoras são exibidas. Em uma delas, Jeffrey é espancado por Frank na beira de uma estrada enquanto pessoas em volta se divertem vendo a surra que Jeffrey leva, pessoas de aparências bizarras. Uma mulher enorme dança em cima do capô do carro estacionado na beira de estrada escura em que se passa a cena. Surreal.
O elenco ainda conta com a jovem Laura Dern. E Isabella Rossellini belíssima!

sexta-feira, 11 de maio de 2012

"Por que você usa essa roupa estúpida de homem?"


"Donnie Darko" é um filme de suspense, produzido em 2001 e dirigido por Richard Kelly. 

Fracasso nos cinemas, "Donnie Darko" alcançou, anos depois de sua estréia, status de cult. Mas por quê?

O filme, que se passa nos Anos 80, narra a história de Donnie Darko (Jake Gyllenhaal, jovem, em início de carreira). Donnie é um rapaz problemático, transtornado e que tem visões durante a noite com Frank, uma pessoa com uma fantasia monstruosa de coelho. Frank diz a Donnie que o mundo acabará dentro de 28 dias, 6 horas, 42 minutos e 12 segundos. Donnie permanece sob constante influência de Frank. Com um comportamento descontrolado e anti-social, é submetido à terapia e, escapa de um acidente nada convencional. É por esse caminho que a trama se desenrola. Complicado? Sim, é.

Frank conduz Donnie por um caminho destrutivo e sinistro. O protagonista é direcionado a extrapolar a barreira do conformismo que está estabelecida na comunidade retratada no filme. Conformismo esse, que é ilustrado muito bem em como a maioria dos personagens segue cegamente os conselhos de um guru fundamentalista.

Com um roteiro complicado e uma péssima divulgação, Donnie Darko quase não foi notado em 2001. Porém, uma geração de pessoas carentes de bons suspenses descobriu Donnie Darko, o tornou extremamente popular entre os cinéfilos na internet, atingindo o status de cult (provavelente é o melhor exemplar de filme que se popularizou graças à internet).

Mas quando digo "roteiro complicado", não quero dizer "roteiro ruim", muito pelo contrário. O roteiro é extremamente bem desenvolvido e amarra todas as pontas até o final. A direção tranquila de Richard Kelly também contribui muito para um bom desenrolar da história. O diretor trata o protagonista com extremo cuidado e carinho e todas as sequências são dirigidas de uma forma paciente e detalhista, de forma que tudo, em cada cena, é muito bem explorado.

O filme também tem seus problemas. O desenrolar do romance no colégio e os "bad boys" da trama parecem, até certo ponto, propositalmente transpirar clichê. Mas isso não atrapalha o longa. As atuações bem seguras de todos os coadjuvantes dão naturalidade e credibilidade ao filme. Mas o destaque principal fica por conta de Jake Gyllenhaal, que mesmo ainda um inexperiente ator, convence muito bem no papel de Donnie. O expectador crê em seus medos, em seus problemas, teme pelas consequências que o protagonista terá de enfrentar pelos seus atos, e mais do que isso, torce por ele. Tudo isso graças a Jake e a Richard Kelly.

Destaco também a trilha sonora com o melhor dos Anos 80. É empolgante a sequência nos créditos iniciais ao som de "Never Tear us Apart" do INXS. Além da trilha sonora, vale citar que na sessão de cinema que Donnie vai com sua namorada, é exibido o filme "A Morte do Demônio" de 1991, um clássico/cult/trash do cinema.

Donnie Darko é um filme sobre o além, sobre viagem no tempo, sobre tragédia, sobre conformismo e, principalmente, sobre a vida.


quarta-feira, 9 de maio de 2012

A necessidade de ser explícito!


Brown Bunny é um road-movie independente do diretor Vincent Gallo, realizado em 2003.
O filme conta a história de Bud (Vincent Gallo), um motociclista que perdeu seu amor, Daisy (Chloe Sevigny). Piloto profissional de motocicletas, ele atravessa os USA para competir na próxima etapa. Durante a viagem, mulheres com nomes de flores passam por sua vida.
Particularmente não conheço pessoalmente ninguém que assistiu Brown Bunny. Qualquer discussão que fiz sobre esse filme, qualquer comentário que ouvi sobre ele foi através da internet. Isso dá a impressão que Brown Bunny é um filme para poucos. E é.
Talvez a principal razão para Brown Bunny ser um filme pouco conhecido, é o negativismo exagerado da crítica mundial em cima do longa. E esse negativismo está atrelado a uma cena específica. Se você já assistiu ou já ouviu falar sobre Brown Bunny, já sabe sobre o que estou falando. O filme possui uma cena de sexo explícito onde Daisy faz sexo oral em Bud. A referida cena repercutiu de forma extremamente negativa. Na sua estreia em Cannes, Brown Bunny foi vaiado pela maioria, mas parece que alguns poucos compreenderam melhor o filme.
Não. Brown Bunny não é sobre sexo. Brown Bunny é sobre solidão, é sobre tristeza, e é, principalmente, sobre culpa. É, ao lado de Blue Valentine, de 2011, o filme mais sentimental que conheço.
A maior parte do filme exibe a viagem de Bud pelos USA, onde as paisagens, a trilha sonora e, algumas vezes, o silêncio, transbordam amargura. Bud encontra em seu caminho, mulheres com nomes de flores (assim como sua amada Daisy), e ele se envolve com elas (ou quase), mas as deixa subitamente. Aos poucos o expectador vai tendo, delicadamente, a explicação para o comportamento de Bud. O final pode surpreender e é belíssimo.
Brown Bunny é um filme denso, complexo, belo, triste e emocionante. É muito mais que um simples boquete. E falando nisso, acho a famosa e mal falada cena maravilhosa.

terça-feira, 1 de maio de 2012


O processo de duas pessoas se apaixonando.

 "Antes do Amanhecer" é um filme do diretor Richard Linklater lançado em 1995. 
Jesse (Ethan Hawke) é um jovem americano que durante uma viagem de trem pela Europa encontra casualmente a jovem francesa Celine (Julie Delpy). Com a simpatia mútua que rola entre o casal de protagonistas, Jesse, impulsivamente convida Celine para desembarcar com ele em Viena e aproveitarem a madrugada das belas ruas da capital austríaca. Na manhã seguinte, cada um seguiria seu rumo.
Se a sinopse parece muito simples e indica um filme previsível, a realidade de "Antes do Amanhecer" é outra. Longe de retratar uma boba paixão "hollywoodiana", o filme é sério em diversos aspectos, foge dos clichês, inclusive no seu final, que deixa o expectador com gosto de esperança e de dúvidas também. Não quero me aprofundar quanto ao final, para evitar spoilers, mas não esperem pelo "felizes para sempre".
Lembro da primeira vez que assisti a esse filme, foi numa madrugada em meados de 1998 no Intercine da Tv Globo. Era um hábito meu assistir Intercine, Corujão e outras sessões de cinema perdidas na madrugada. Descobri muita coisa boa assim. Despretensiosamente assisti "Antes do Amanhecer" e ao final do filme a única sensação que tinha era de como é um filme belíssimo assim vai parar numa sessão da madrugada?
Bem conhecido pelos cinéfilos no Brasil e desconhecido da grande massa, é assim que me parece ser esse filme quanto a sua popularidade por aqui. Erroneamente esteve fora dos grandes circuitos de cinema e fora do horário nobre da Tv brasileira. Estou certo de que uma boa divulgação é um dos principais pilares para a popularização de um filme.
"Antes do Amanhecer" é delicioso. É o mais sincero processo de duas pessoas se apaixonando que já vi em qualquer filme. A cena na cabine da loja de discos demonstra isso com extrema perfeição. Os personagens são demasiadamente humanos, o que acaba causando um forte tom de veracidade à história mostrada. Vale nota também o passeio turístico pela bela Viena que é um pano de fundo mais que adequado.
Impossível não se envolver com os personagens. O primeiro contato visual, as primeiras conversas, o processo de conhecimento mútuo, as divergências, a atração e o carinho nascendo e se estabelecendo, e a agonia da inevitável separação prematura. Vida que segue...