quarta-feira, 14 de novembro de 2012

Irreversível





Irreversível é um filme francês de 2002 do diretor Gaspar Noé.

O filme é contado de trás pra frente e narra a história de Marcus (Vincent Cassel) e Pierre (Albert 
 Dupontel), que são, respectivamente, namorado e ex-namorado de Alex (Monica Bellucci).

Tentarei ser breve, pois falar de Irreversível sem spoilers é uma tarefa muito difícil.

O centro de todo o filme é a briga entre Alex e Marcus durante uma festa. Alex, então, abandona o local e dentro de um túnel é estuprada e violentada por um desconhecido. A partir disso Marcus, com ajuda de Pierre, partem em busca do estuprador querendo vingança.

A narrativa do filme é toda de trás pra frente, no mesmo estilo de Amnésia de Christopher Nolan. De cara, todo o impacto do auge do filme já é jogado na cara do espectador para depois ser apresentadas as motivações e os caminhos que levaram até o ápice.

No seu lançamento, Irreversível causou muita rejeição por grande parte do público, enquanto em outra corrente foi muito bem recebido por outra grande parte do público. E o filme é isso mesmo, ame-o ou odeie-o.

Talvez o que tenha causado essa grande rejeição, seja a violência demonstrada de forma real e crua. Pessoas com estômago fraco ou que gostam de ver cenas de sexo e violência maquiadas e suavizadas, talvez não tenham entendido a mensagem do filme.

A mensagem do filme é clara: a violência e, principalmente, a vingança são caminhos sem volta. Não vão reparar o que já foi quebrado.

Nota: 10

segunda-feira, 12 de novembro de 2012

Seguir em linha reta...



Filme nacional da diretora Lina Chamie, lançado em 2007. O filme possui como protagonistas os ótimos Marco Ricca e Alice Braga.

Assistam o trailer.

Nota: 9

domingo, 4 de novembro de 2012

O Repouso





"Requiem para um Sonho" é um filme de 2000 do diretor Darren Aronofsky.

O filme é uma história sobre uma profunda jornada no mundo das drogas por quatro protagonistas. Harry (Jared Leto) é o centro da trama. Ele efaz a ligação entre sua mãe Sara (Ellen Burstyn), sua namorada Marion (Jennifer Connelly), e seu melhor amigo Tyrone (Marlon Wayans). Enquanto Harry, Marion e Tyrone se drogam todos os dias, Sara se torna viciada em comprimidos para emagrecer.

O fime ilustra o início da história dos quatro protagonistas com energia, disposição e sonhos, até o salto final, previsivelmente triste e melancólico.

O que é mostrado, pode ser visto por aí na TV em propagandas para conscientização sobre o uso de drogas, ou em novelas que se aventuram a retratar o tema. Só que aqui não é novela das oito! Não esperem por uma volta por cima com final feliz...

Requiem para um Sonho é um filme para causar impacto. Na mesma toada, me recordo apenas do ótimo "Trainspotting", filme de 1996 do diretor Danny Boyle. 

As atuações estão ótimas, principalmente de Ellen Burstyn. Sua Sara merece um parágrafo. Quando já vivia problemas com o vício do filho, Sara recebe um comunicado de que seria chamada pra participar de seu programa de TV favorito (uma espécie de Silvio Santos). Desesperada por uma boa aparência, ela tenta usar seu belo e velho vestido vermelho, que não lhe cabe mais. É então que ela procura ajuda médica para emagrecer...

A sequência final do filme com cortes e melodia marcantes, é dessas que ficam na memória por muito tempo. Genial! 

Esse era apenas o segundo longa de Darren Aronofsky, que ainda nos brindaria com os geniais "O Lutador" e "Cisne Negro".    

quarta-feira, 24 de outubro de 2012

O Reino de Terabítia




Ponte Para Terabítia é um filme de 2007 do diretor Gabor Csupo.

Assistam o trailer, vale mais do que qualquer coisa que eu diga.

É um filme subestimado, conhecido por poucas pessoas e que só funciona se você usar a sua imaginação.

sexta-feira, 19 de outubro de 2012

TOP 5 Filmes Nacionais Subestimados:


Dois Córregos



Linha de Passe



Abril Despedaçado



O Céu de Suely



Proibido Proibir

sexta-feira, 12 de outubro de 2012

Mar adentro, mar adentro...





"Mar Adentro" é um filme de 2004 do diretor Alejandro Amenábar.

O filme conta a história real de Ramón Sampedro (Javier Bardem), que após um acidente que o deixou tetraplégico, e passar 26 anos deitado numa cama e dependendo de todoa à sua volta para tudo, ele tenta, com a ajuda de uma advogada, conseguir legalmente o direito de cometer eutanásia. Dispondo de sua lucidez e de seu grande intelecto, Ramón levantará questões éticas e morais sobre as leis, a igreja e a sociedade.

Vencedor do Oscar de melhor filme estrangeiro, "Mar Adentro" segue razoavelmente desconhecido no Brasil. É verdade que não possui apelo comercial, já que é muito denso para isso. Apenas é de se lamentar que poucos o conheçam. 

É um filme irretocável, seja no ritmo, nas atuações ou na direção. A câmera não tem pressa de nos apresentar a Ramón. Para um "defensor" da vida, ao defrontar-se de imediato com Ramón e suas idéias (e tudo o que elas representam), poderia agir com repúdio. Mas o protagonista é tratado com respeito e carinho pelo diretor. Com cuidado conhecemos suas idéias e motivações, que nunca são banalizadas durante o filme. Concordando ou não com a argumentação, "Mar Adentro" com certeza o levará às lágrimas.

No mais, os deixo com esses belos versos de Ramón Sampedro:

Mar adentro, mar adentro,
y en la ingravidez del fondo
donde se cumplen los sueños,
se juntan dos voluntades
para cumplir un deseo.


Un beso enciende la vida
con un relámpago y un trueno,
y en una metamorfosis
mi cuerpo no es ya mi cuerpo;
es como penetrar al centro del universo:


El abrazo más pueril,
y el más puro de los besos,
hasta vernos reducidos
en un único deseo:


Tu mirada y mi mirada
como un eco repitiendo, sin palabras:
más adentro, más adentro,
hasta el más allá del todo
por la sangre y por los huesos.


Pero me despierto siempre
y siempre quiero estar muerto
para seguir con mi boca
enredada en tus cabellos.

quarta-feira, 3 de outubro de 2012

Top 5 Estúdios Ghibli

Sem a fama e o glamour da Disney e da Pixar em boa parte do mundo, inclusive no Brasil, os Estúdios Ghibli são subestimados. Aqui vai meu top 5 da minha produtora de animações predileta:

1 - A Viagem de Chihiro





2 - O Túmulo dos Vagalumes




3 - Meu Vizinho Totoro


4 - O Castelo Animado




5 - Princesa Mononoke


quarta-feira, 26 de setembro de 2012

Um ode ao cinema trash!





"À Prova de Morte" é um filme de 2007, escrito e dirigido por Quentin Tarantino.

No cair da noite, "Jungle" Julia (Sydney Tamiia Poitier), a mais popular DJ de Austin, sai com suas amigas Shanna (Jordan Ladd) e Arlene (Vanessa Ferlito), para se divertir. Porém, elas são seguidas de perto por "Stuntman" Mike (Kurt Russel), um psicótico dublê que se esconde atrás de seu carro à prova de morte.

O filme é a segunda parte do projeto Grindhouse, que Tarantino realizou em parceria com Robert Rodriguez como homenagens aos filmes de terror norte-americanos na década de 70, famosos por possuírem um estilo "trash".

Lançado em 2007, o filme chegou aos cinemas brasileiros até 2010. Há uma explicaçãopara o atraso, e é uma longa história. Vamos lá:

Quando foi lançado nos USA, o projeto foi um fracasso de público. Talvez pelo fato de que os jovens, que são os maiores consumidores de cinema, não entendam ou simplesmente não gostem da estética que Grindhouse tenta resgatar. A narrativa muitas vezes acaba ficando em segundo plano, e a prioridade é a violência, o sexo e a exaustão de imagens de montros, sangue e muito gore.

Dessa forma, o projeto acabou dividido em duas partes, para tornar-se comercialmente viável. Enquanto Robert Rodriguez ficou com "Planeta Terror", um escatológico filme que homenageia com competência os clássicos filmes de zumbis, Tarantino ficou com "À Prova de Morte". 

No Brasil "Planeta Terror" chegou primeiro, mas assim como nos USA, não agradou o público, fazendo com que a distribuidora Europa, engavetasse "À Prova de Morte", que chegou depois. O filme correu até o risco de não ser lançado no Brasil. A história mudou em 2010, quando a distribuidora Playarte se interessou e comprou os direitos do longa.

Para os fãs desse tipo de cinema (eu me incluo), "À Prova de Morte" é testosterona, erotismo, violência e cultura pop em dose cavalar. É, se não o melhor, o mais sincero filme de Tarantino.

quarta-feira, 19 de setembro de 2012

O retorno do filho pródigo.


"Lavoura Arcaica" é um filme de 2001 dirigido por Luiz Fernando Carvalho.

Baseado no romance de Raduan Nassar, o filme conta a história de André (Selton Mello), um filho desgarrado que, devido ao rigor da criação paterna e ao sufocante amor materno, abandona o lar como fuga. Seu irmão mais velho Pedro (Leonardo Medeiros), diante da tristeza em que a família ficou após a partida de André, parte em sua busca.

Lavoura Arcaica não é um filme para qualquer um. A forma da sua narrativa, sendo praticamente uma reprodução fiel do livro de Raduan Nassar, tenha assustado aos desavisados. É daí talvez a motivação para o filme ser desconhecido da maioria das pessoas. Não é comum encontrar um filme que, baseado num livro, reproduz fielmente seus textos e conteúdos. Lavoura Arcaica é esse filme. Ame-o ou odeie-o. 

O ritmo é lento, mas é para ser saboreado sem pressa mesmo. Ao longo de suas quase três horas de duração, vamos sendo apresentados ao mundo de André, seu passado, seu presente, suas motivações. Falando nas motivações de André, o espectador poderá questionar, refletir, mas não poderá negar. O rigor do pai (Raul Cortez sempre genial), o excesso de amor da mãe (Juliana Carneiro da Cunha) e o incestuoso amor pela irmã Ana (a belíssima Simone Spoladore), só deixam a André uma opção: a fuga.

O filme também possui uma fotografia maravilhosa e conta ainda com Caio Blat como o irmão mais novo de André. 



quarta-feira, 12 de setembro de 2012

Pesquisas 5

Antes de iniciar essa última parte sobre pesquisas que realizei, quero deixar claro que não acredito em gênero predileto de filmes. Diferente da maioria das pessoas, acredito que qualquer gênero possui potencial para realizar bons filmes (e maus também). Dito isso, perguntei para 50 pessoas sobre o gênero de filme predileto delas. Eis o resultado:

Para 13% dos entrevistados, o gênero predileto é o romance. Sim, haviam garotas entre os entrevistados. Não, elas não eram a maioria. Isso prova que um bom romance atinge vários grupos e não apenas o esteriótipo de garotinha sonhadora.

Suspense, ficção, drama e comédia obtveram 11% cada da preferência dos entrevistados. Confesso que fiquei feliz e surpreso com o bom resultado de ficção.

Animação, terror e ação obtveram 9% dos votos cada. Confesso que esperava mais do gênero terror. Será que o superestimei?

7% dos entrevistados votaram no gênero guerra.

5% do entrevistados votaram no gênero policial.

4% dos entrevistados votaram no gênero aventura.


Dos 3 últimos colocados, apenas fico com a sensação que talvez as pessoas tenham se esquecido dos filmes de super-heróis na hora de votar. Acredito que o gênero em que esses filmes estão englobados é aventura. Achei contraditório um gênero que possui os filmes donos das maiores bilheterias dos últimos anos ter ficado em último na preferência.

quarta-feira, 5 de setembro de 2012


Por que os vagalumes morrem tão cedo?





"O Túmulo dos Vagalumes" é um filme de 1988 dirigido por Isao Takahata.

O filme é uma animação que conta uma trágica história sobre dois irmãos. Seita e Setsuko vivem no Japão durante a época da Segunda Guerra. Após o pai desaparecer e a mãe morrer, eles acabam tendo que morar na casa de parentes. Após desentendimentos com a tia que os abrigava, eles ficam sozinhos e vão morar num abrigo na mata. Quando Setsuko, a irmã mais nova adoece, Seita precisa se virar pra encontrar comida e vê que em tempos de guerra, as coisas são cruéis.

Lançado pelo estúdio Ghibili (o mesmo responsável por obras geniais da animação como "A Viagem de Chihiro" e "Meu Amigo Totoro"), O Túmulo dos Vagalumes não é tão colorido assim. É possivelmente a animação mais dura e chocante já apresentada ao mundo. 

Tendo que conviver com a perda dos pais, bombardeios inesperados, maltrato de parentes impacientes e falta de solidariedade de estranhos, Seita e Setsuko só tem um ao outro. 

Infelizmente O Túmulo dos Vagalumes nunca foi lançado oficialmente no Brasil. Quem quiser assistir esse maravilhoso filme terá que optar por comprar o dvd importado (sem dublagem ou legendas em português), ou baixar pela internet. Apenas lamento a quantidade de obras medíocres de animação que vemos toda semana nos cinemas brasileiros, enquanto O Túmulo dos Vagalumes segue desconhecido do grande público.

É um filme que fará você sorrir e se empolgar com as brincadeiras dos irmãos Seita e Setsuko e, em contrapartida, com certeza o levará às lágrimas.

 

quarta-feira, 29 de agosto de 2012

Amigos para sempre...





"Batalha Real" é um filme de 2000, do diretor Kinji Fukasaku.

A história do longa se passa numa realidade hipotética, onde as novas gerações promovem um estado de anarquia, e o governo ultranascionalista resolve controlar a situação promovendo o temível "Ato Battle Royale". Todos os anos, uma classe escolar é escolhida para passar três dias numa ilha deserta, e a cada aluno é dada uma mochila com equipamentos pessoais, de sobrevivência e uma arma, que pode variar de um cabide à uma escopeta. A única regra: apenas um pode sobreviver ao final dos 3 dias.

Existem também certas complexidades como, por exemplo, coleiras que são instaladas no pescoço de cada aluno, e rastreiam a localização e sinais vitais dos alunos. Além disso, através de controle remoto, os soldados que aplicam o "Ato Battle Royale", podem explodir as coleiras como punição à alguma tentativa de burlar as regras, matando o aluno. Existem também "zonas de risco", que variam aleatoriamente, obrigando os alunos a não ficarem escondidos num canto. Quem permanecer numa zona de risco, terá que se locomover, ou então morrerá com a coleira detonada.

O grande mérito do filme é causar a reflexão sobre a amizade e o instinto de sobrevivência. Se no começo acompanhamos uma sala de aula viajando de ônibus, brincando e se divertindo, poucos minutos depois, vemos os mesmos alunos se mutilando e se matando. A quantidade de personagens é imensa, mas a boa direção permite que todos sejam bem explorados. Ficamos sabendo de seu passado, conhecemos suas motivações e razões. Até os personagens mais violentos e maldosos, possuem um lado tão humanizado e frágil, que é impossível não simpatizarmos com eles. O filme causa reflexão e esbanja violência e humor negro. É o tipo de filme que Hollywood não teria coragem de realizar.

Tarantino, certa vez, disse que Batalha Real é o filme que ele gostaria de ter realizado. Ah, esses japoneses lunáticos...

sexta-feira, 24 de agosto de 2012

Pesquisas 4

Depois de muito tempo, retomo o assunto de pesquisas.

Por que alguém assiste um filme? Perguntei para 50 pessoas o que faz elas se interessarem por um filme a ponto de assisti-lo.

A sinopse do filme parece ser realmente a maneira mais influente para a escolha de um filme. Dos 50 entrevistados, cerca de 26% tem na sinopse a melhor fonte para escolher um filme para assistir.

Para minha agradável surpresa, cerca de 21% dos entrevistados levam em consideração o diretor do filme na hora da escolha.

Empatados com cerca de 17% cada da preferência dos entrevistrados, o elenco do filme e as indicações que recebemos de conhecidos vêm logo atrás.

Com cerca de 8% dos votos, o que influencia a escolha são as premiações que o filme recebeu.

E, finalmente, com pouco mais de 5% do votos, em último lugar e para minha surpresa, vêm empatadas a divulgação e as críticas.

De positivo, me agrada saber que as pessoas dão credibilidade ao trabalho dos diretores. De negativo, não há nada. Me surpreendeu que as críticas e divulgação de um filme tenham sido tão pouco lembradas. Particularmente, levo críticas em consideração. As tenho como um filtro, mas sem ficar atado a elas.


quarta-feira, 15 de agosto de 2012

Não confio em ninguém





"O Enigma de Outro Mundo" é um filme de terror/ficção científica de 1982 dirigido por John Carpenter.

O filme conta a história de 12 homens que estão numa estação de pesquisas na Antártida, completamente isolados do mundo. Depois de um incidente com pesquisadores noruegueses, eles acabam descobrindo um organismo alienígena, que esteve enterrado no gelo por mais de 100 mil anos e, que com um mínimo de contato,pode dominar uma pessoa e a assimilar totalmente. Copiando perfeitamente uma pessoa, esse organismo pode matar e proliferar livremente. 

O ponto principal do filme é a confiança. Como confiar em seus amigos se, na verdade, um deles pode ser um monstro alienígena assassino? Quando eles descobrem o tal organismo e o que ele faz, inicia-se uma sequência de discussões e acusações sem fim. Um a um, os personagens vão morrendo e a tensão aumentando.

O filme possui efeitos que impressionam até hoje, mesmo passados 30 anos de sua produção. Estrelado por Kurt Russel, o filme tem cenas memoráveis, como a cena do canil, a cena do teste de sangue e a cena em que aparece uma cabeça-aranha-alienígena.

"O Enigma de Outro Mundo" fracassou nas bilheterias, mas é considerado um clássico do gênero e é um filme muito cultuado. O fracasso nas bilheterias talvez explique o filme não ter tido uma continuação (coisa que seu final aberto permitiu).

Bons tempos em que via esse filme no "Cinema em Casa", nas tardes do SBT. Hoje essas sessões de filmes na tv aberta só exibem filmes para crianças imbecilóides.

quinta-feira, 14 de junho de 2012

A perda da inocência





"Paisagem na Neblina" é um filme grego de 1988 do diretor Theodoros Angelopoulos.

O filme conta a história de Voula (Tania Taiologou) e Alexandre (Michalis Zeke), dois jovens irmãos que partem para a Alemanha em busca do pai. 

A obsessão pela figura paterna faz com que as duas crianças tramem uma fuga durante à noite. Ponto interessante é a desistência por vezes bem na hora de pegar o trem. O medo do desconhecido fica evidenciado.

O filme é doloroso. Acompanhar o garotinho Alexandre vendo a dor de um agonizante cavalo é algo forte. A maldade do ser humano e a dureza da vida abraça os pequenos protagonistas. Voula está passando para a adolescência. Acompanhamos todo seu processo de menina para mulher.

Porém, é no sugerido abuso sexual que Voula sofre por um caminhoneiro, que o espectador mais se choca. Se estivéssemos vendo um filme de Hollywood, um mocinho apareceria e salvaria Voula. Mas não é desse tipo de filme que estamos falando. Theodoros Angelopoulos, com maestria, dirige uma longa sequência, em que ficamos vendo uma imagem de um caminhão, o silêncio, e mais nada. Ápice do filme. Uma das cenas mais marcantes que já vi.

Vale mencionar o belo final. Arrepiante e que não poderei detalhar para evitar spoilers. Meu filme europeu predileto. Apenas isso.

quarta-feira, 13 de junho de 2012

Pesquisas 3

Continuando a falar sobre as pesquisas que realizei, perguntei às pessoas sobre quais são os países/continentes que elas consomem cinema. 

Obviamente, e não esperava mesmo que fosse diferente, os USA ficaram disparados na primeira colocação com 46% da preferência dos entrevistados. Brasil e Europa aparecem empatados em segundo lugar com 19% cada um da preferência dos entrevistados. Foram citados ainda Ásia e América Latina com 8% cada.

Não há muito a comentar. Os USA possuem uma poderosa e riquíssima indústria cinematográfica. É cultural. Mas não significa que são os produtores dos melhores filmes. Talvez, se eu pensasse nos meus filmes prediletos, a grande maioria seja americana, proporcionalmente, a quantidade de belíssimos filmes produzidos na Ásia, América Latina, Brasil e principalmente na Europa, me faz crer que os americanos ainda estão atrás em vários quesitos.

quarta-feira, 6 de junho de 2012

"Com que frequência você encontra a pessoa certa?"





"Apenas uma Vez" é um filme de 2006 do diretor John Carney, que também assina o roteiro.

O filme conta a história de um músico (Glen Hansard), que tenta ganhar algum dinheiro tocando suas composições no violão pelas ruas de Dublin. Ele, por acaso, encontra uma garota tcheca (Markéta Irglová), e começa com ela uma boa amizade. Com afinidades musicais, eles passam a compor juntos, enquanto se aproximam cada vez mais.

A idéia de "Apenas uma Vez" surgiu da parceria entre o diretor John Carney e o vocalista da banda The Frames, Glen Hansard. Carney pediu a Ansard que escrevesse algumas músicas para criar um filme onde pudesse utilizar uma história simples como cenário para as composições. Depois de 10 belas músicas prontas e um roteiro simples e objetivo, "Apenas uma Vez" saiu do papel.

O grande mérito do filme é trazer ao espectador uma história de amor realista e madura. Não é uma comédia romântica/musical. O filme não cai em clichês e, dessa forma, podemos captar perfeitamente o que se passa no coração de cada personagem. 

Glen Hansard e Markéta Irglová não são atores, e sim músicos, mas convencem e passam todo o sentimentalismo dos personagem com uma veracidade gigantesca. Conforme vão ficando mais íntimos, a vontade implícita de um romance acontecer parece querer explodir, mas acaba sempre abafada pela dureza da vida (ele está saindo de um relacionamento com um final triste, e ela é casada).

E a parte musical é um parágrafo à parte. Diferente dos convencionais filmes musicais tradicionais, "Apenas uma Vez", não é nada espalhafatoso. As músicas não surgem em meio de diálogos onde personagens começam a cantar do nada. Elas estão perfeitamente inseridas no contexto da história mostrada no filme. E são belas, gostosas de ouvir e transmitem com perfeição todo o clima romântico.

Obra prima.


Pesquisas - Parte 2

Continuando as pesquisas, perguntei qual o meio mais utilizado para as pessoas assistirem a um filme. As opções eram cinema, TV por assinatura, TV aberta, compra de filmes, aluguel de filmes e pirataria (downloads). O resultado foi:

Cinema: 34%
TV por assinatura: 23%
Compra de filmes: 17%
Aluguel de filmes: 17%
Pirataria: 9%
Tv aberta: 0%

Para minha surpresa, a TV aberta não obteve nenhum voto. Nenhum. Isso apenas mostra que com o passar do tempo, a TV aberta perde seu espaço cada vez mais.
Se a pesquisa tivesse sido realizada há 10 ou 15 anos atrás, provavelmente o percentual da TV aberta seria significativo, assim como o percentual do aluguel de filmes, que me lembro bem, era provavelmente o principal meio para se assistir filmes na minha infância e adolescência.
Não vejo com otimismo o futuro das videolocadoras.
Ao menos, para minha felicidade, o cinema parece continuar forte. Fiquei surpreso também com os 17% que dizem comprar filmes. Boa surpresa, por sinal...

quarta-feira, 30 de maio de 2012

- Eu não te amo mais...
- Desde quando?
- Desde agora...





"João amava Teresa, que amava Raimundo, que amava Maria, que amava Joaquim, que amava Lili, que não amava ninguém."

"Closer" é um filme de 2004 dirigido por Mike Nichols. É baseado na peça teatral homônima.
Tratando de um assunto delicado como relacionamentos, Closer conta a história de quatro protagonistas: Larry (Clive Owen), Anna (Julia Roberts), Alice (Natalie Portman) e Dan (Jude Law). Dan, jornalista, conhece a bela dançarina Alice, eles se apaixonam e passam a viver juntos. Dan conhece a fotógrafa Anna e passam a viver um caso. O próprio Dan acaba acidentalmente aproximando Anna do médico Larry. Anna e Larry se apaixonam e acabam se casando. Está formado o retângulo amoroso.
Closer lida com o polêmico assunto da traição. Com uma direção segura e um roteiro muito bem amarrado, tudo é tradado de uma forma bem realista e adulta. As atuações do galático elenco convencem muito bem (principalmente Natalie Portman).
Closer tem ainda uma bela fotografia e a excelente trilha sonora incliu Damien Rice e The Smiths.
Depois dessa passada rápida por quase todos os destaques do filme, preciso dedicar um espaço para o que ele tem de melhor, ou seja, os diálogos.
Gostaria de poder descrever, ao menos, as cenas onde esses diálogos acontecem e o que é dito neles. Mas se eu fizesse isso, acabaria sendo uma metralhadora de spoilers do filme. Para não me alongar mais, apenas digo: Assistam!
Definiria Closer como o mais adulto filme sobre traição que já vi.

terça-feira, 29 de maio de 2012

Eu prefiro legendado...

Realizei algumas pesquisas populares com cerca de 50 pessoas. E um dos temas abordados foi a preferência por filme dublados ou legendados.
Antes de mais nada, é interessante apontar que foram 29 mulheres e 21 homens os entrevistados. Também é relevante informar que a idade dos entrevistados variou de 15 até 43 anos.
Para minha enorme surpresa, 70% dos entrevistados preferem filmes legendados, contra 30% dos que preferem dublados.
Por que fiquei surpreso?
Vamos lá, em todo lugar que vemos filmes coletivamente, escolas, grupos na casa de algum amigo, sempre é esmagadora a maioria que vota por filmes dublados.
Pra reforçar isso, antes de realizar essa pesquisa, li num portal de notícias, que em pesquisa encomendada pelo Sindicato das Empresas Distribuidoras Cinematográficas do Município do Rio de Janeiro em 2008, apontou que 56% dos brasileiros preferem filmes dublados, contra 37% que preferem legendados. Nesse estudo, 7% disseram não ter preferência.
Vamos acreditar na sinceridade de meus entrevistados e analisar o resultado como animador.
Há quem defenda que os filmes dublados alterem as "falas" dos personagens. As legendas também alteram. Na minha opinião, o que pesa a favor dos legendados, é o fato de que toda a interpretação do ator é jogada no lixo com a dublagem. Eu, se fosse ator, me sentiria desrespeitado se dublassem minha voz.
Outro ponto que quero comentar é sobre os que dizem que enquanto estão lendo não conseguem acompanhar as imagens. Olha, sinceramente, se você é uma dessas pessoas, sinto dizer que uma toupeira lê melhor que você.
Esse meu post é sim uma campanha contra filmes dublados. Eu tenho o mais puro desprezo por eles e não confio em quem gosta de filmes dublados.

sábado, 26 de maio de 2012

Vamos recomeçar...






O que fazer se nem fugir adianta mais? Buscar a felicidade, recomeçar, perdoar, e sofrer. O quanto você deve confiar? O quanto você deve ter fé na pessoa amada? O sentimento de dependência nunca foi mostrado de uma forma tão sincera num filme.

"Felizes Juntos" é um filme de Hong Kong, lançado em 1997. É dirigido por Kar Wai Wong.

O filme conta a história de Yiu-Fai (Tony Leung Chiu-Wai) e Po-Wing (Leslie Cheung), que formam um casal homossexual de namorados.Em busca de um recomeço para suas vidas e seu relacionamento, eles deixam Hong Kong e vão para Buenos Aires. Eles querem ver as Cataratas do Iguaçu. Eles querem recomeçar.

A imigração acaba sendo desastrosa para eles. Enquanto Po-Wing arruma emprego numa casa de tangos, Yiu-Fai se prostitui para ganhar dinheiro. O filme mostra todo o estranhamento com a nova vida, a nova cidade. Yiu-Fai, aos poucos, vai se distanciando de Po-Wing, um abismo entre os dois é criado. A Po-Wing resta a solidão e a Yiu-Fai, a sensação e que Po-Wing sempre será sua segurança. Quando está na pior, Yiu-Fai sempre busca Po-Wing.

O grande mérito de Felizes Juntos (não poderia ter um nome diferente), é que consegue captar a essência de um relacionamento desmoronando. O filme é forte, triste, e sem final feliz. A cena onde os protagonistas dançam tango juntos, sozinhos numa cozinha suja e vazia é tocante.

Destaco também a bela trilha sonora, com direito a Caetano Veloso. E não posso deixar de destacar a bela fotografia.

terça-feira, 22 de maio de 2012

Pesquisas...

Estou realizando uma pesquisa sobre cinema para avaliar o que as pessoas que vão ler o blog pensam sobre cinema. A idéia é realizar uma pesquisa extremamente pessoal, onde tentarei traçar um parâmetro para saber quais os gêneros prediletos, o que faz essas pessoas verem um fime, etc...
E é claro que, como esse blog está sendo divulgado entre as pessoas que conheço, elas serão o alvo da pesquisa.
Aos poucos, com o final da pesquisa, irei postando e comentando os resultados.

Também está nos meus planos, realizar entrevistas com amigos para bater um papo sobre bons e velhos filmes esquecidos. As entrevistas serão postadas aqui. Mas isso ficará para o próximo semestre.

domingo, 20 de maio de 2012

"O Dia da Marmota"





"Feitiço do Tempo" é um filme de 1993, dirigido por Harold Ramis.

O filme conta a história de Phil Connors (Bill Murray), um mal-humorado jornalista que trabalha como homem do tempo para uma rede de TV. Phil Connors é designado para cobrir o "Dia da Marmota", um tradicional festival da pequena cidade de Punxsutawney. Após a cobertura do festival, Phil só quer poder voltar pra casa mas, impedido por uma nevasca, é obrigado a passar a noite em Punxsutawney. Quando acorda, é novamente o "Dia da Marmota", o que acaba se repetindo todos os dias.

O grande trunfo de Harold Ramis é apostar em contar a mesma história, diversas vezes, de maneiras diferentes. Com a grande variação de humor sofrida por Phil Connors, a cada dia ele tem um tipo de reação diferente para cada situação, sempre influenciado por já conhecer o resultado final, já que ele já viveu a mesma coisa no dia anterior. Simples? Sim. O roteiro pode até soar meio bobo, mas funciona e o filme é engraçadíssimo.

Mas a graça do filme não é apenas isso. Muito se deve ao trabalho do astro Bill Murray. A capacidade de dar a expressão facial correta para as diferentes situações vividas por Phil Connors é fantástica. Bill Murray acerta a mão na sua interpretação. É um dos meus atores prediletos e apenas sua atuação já vale o filme. Admirável a capacidade de improvisação desse grande ator. Feitiço do Tempo conta ainda com a bela Andie MacDowell.

Um grande problema da maioria das comédias/comédias-românticas é tentar empurrar goela abaixo do expectador uma lição de moral. Click, Menina dos Olhos, Todo Poderoso, etc... São inúmeros os filmes que fazem isso. "Seja uma pessoa melhor", "amor e felicidade são mais importante que dinheiro", "grandes poderes trazem grandes responsabilidades" (familiar, não?). Todos esses filmes são recheados com essas mensagens e em seu desfecho, percebemos que isso era o objetivo principal. Em Feitiço do Tempo, existe algo nesse sentido, mas acontece de maneira tão natural que não soa da mesma forma que os exemplos citados. A mensagem está no filme, mas em nenhum momento ela é forçada. Percebemos que apesar de estar inserida ali, ela é contextualizada de tal forma, que não só não incomoda, como funciona como peça fundamental para a conclusão da história. Acertadamente não é o objetivo principal do filme passar lição de moral.




"Dia das Bruxas"





"Halloween" é um filme de terror lançado em 1978 e dirigido por John Carpenter.

O filme conta a história de Michael Myers (Tony Moran). Aos 6 anos de idade, Myers (então interpretado por Will Sandin) esfaqueou e assassinou sua irmão que acabara de transar com o namorado. Era noite de halloween. Ele é então enviado para um sanatório, onde fica exatos 15 anos. Durante a noite de Halloween, Michael, então com 21 anos, foge do sanatório e volta para sua cidade natal, onde irá perseguir e assassinar jovens da vizinhança.

Não gostaria de falar muito desse filme, pelo fato de ter sido um sucesso enorme, principalmente nos estados unidos. O foco que pretendo dar nesse blog é para filmes que não tiveram o merecido reconhecimento. Não é o caso de Halloween. Porém, hoje ele é pouco lembrado entre os grandes filmes de terror, e por isso, por esse "esquecimento", merece um espaço.

Pra falar a verdade, Halloween merece muito mais que um espaço num simples blog de um fã de cinema (não sou crítico e nem tenho tal pretensão). Halloween é o pioneiro no gênero slash-movies. Se hoje vocês assistem "Sexta-Feira 13", "A Hora do Pesadelo", "Pânico" e diversos outros, é por causa de "Halloween".

Vale mencionar que o número de mortes no filme é baixo e quase não há sangue. Esse é o grande méito do filme. O que prende o expectador não é a violência, e sim o suspense, que é o carro chefe do filme.

John Carpenter cria e imortaliza um gênero com essa obra prima que vale ser revisitada. O filme que custou apenas U$ 325.000,00, arrecadou mais de 47 milhões de dólares só nos USA. 

O filme é também o primeiro de Jamie Lee Curtis, com apenas 20 anos (e muito bonita).

quarta-feira, 16 de maio de 2012

Top 7 da Madrugada:

1 – O Homem que não Estava lá, dos irmãos Coen
2 – Short-Cuts: Cenas da vida, de Robert Altman
3 – Antes do Amanhecer, de Richard Linklater
4 – Veludo Azul, de David Lynch
5 – Snatch: Porcos e Diamantes, de Guy Ritchie
6 – Alta Fidelidade, de Stephen Frears
7 – Uma Noite Muito Louca, de Thom Eberhardt

Hoje em dia, com a internet e com TV por assinatura a preço popular, as sessões de filmes exibidas nas madrugadas da TV aberta, perderam um pouco sua utilidade. Era nessas sessões que eu mergulhava madrugadas adentro durante a adolescência e acabei conhecendo filmes que levarei pra sempre comigo. Bons tempos de ficar sentado pertinho da TV pra poder ouvir o baixo volume, já que não podia acordar minha mãe, que me faria ir pra cama.
Existia vida além das grandes produções do cinema e dos filmes no horário nobre. É para as madrugadas que mandam os filmes que já não tem mais o espaço e a atenção merecidos.
Aconselho a todos que garimpem as madrugadas da TV aberta, descobrirão muita coisa boa por lá. Coisa boa que já havia há muito tempo sido esquecida pelos consumidores de cinema.
Bons tempos de Inter-Cine, Sessão de Gala, Corujão e aquela que passava no SBT, como era o nome mesmo? Poxa, o tempo passou... já nem lembro...

terça-feira, 15 de maio de 2012

"In Dreams"





"Veludo Azul" é um filme de 1986, dirigido por David Lynch.
Logo na sua introdução, onde pessoas aparentam felicidade em seus concretizados "sonhos americanos", onde as cercas são brancas e as flores bem coloridas, um velho morre enforcado com a própria mangueira acidentalmente. É um impacto pra ilustrar o que está por vir. No mundo que David Lynch nos apresentará, não existe a perfeição que quase é demonstrada nos minutos iniciais.
O filme conta a história de Jeffrey Beaumont (Kyle McLahan), um jovem estudante que acabou de se formar. Num belo dia, caminhando por um terreno, Jeffrey encontra uma orelha humana. Ele procura a polícia para comunicar o fato, mas não consegue se controlar e, inquieto, inicia uma investigação por conta própria. Conforme a trama vai se desenrolando, Jeffrey mergulha perigosamente em sua investigação, onde cruzará com um dos vilões mais perturbadores que o cinema já conheceu.
Falando no vilão, Frank Booth (Dennis Hopper), é um parágrafo à parte. Hopper domina o filme e cria um personagem inesquecível. Não é possível Veludo Azul sem Frank Booth e não dá pra imaginar outro ator além de Dennis Hopper no papel. A qualidade da interpretação do problemático e genial Dennis Hopper é tamanha, que a sensação é de que o mais terrível personagem que possa existir na nossa imaginação, realmente existe. O perigo e o medo que Frank Booth causa são reais. Ponto para Lynch e ponto para Dennis Hopper. As falas e ações desse personagem icônico são até hoje lembradas pelos fãs do filme. É o que de mais forte ficou de um filme que talvez tenha envelhecido mal.
O fato é que, 26 anos depois de seu lançamento, Veludo Azul caiu no esquecimento, ao menos no Brasil. Vi esse filme pela primira vez nas madrugadas do SBT. As madrugadas... É para lá que vão os bons e velhos filmes...
Veludo Azul é, sem dúvidas, uma boa opção para uma geração que nunca ouviu falar dele e carece de bons suspenses (não me lembro de um suspense tão bom tere surgino na última década!).
Um roteiro que poderia dar errado em outras mãos, funciona como um relógio suiço com David Lynch. É, talvez, o mais narrativo de seus filmes. A forma com que o diretor brinca, tanto no começo quanto no fim, com a sensação de termos um mundo quase perfeito é maravilhosa. O carro de bombeiros em slow-motion, as crianças brincando, os pintarroxos estão lá, como que num comercial de margarina, mas as trevas, a tragédia e os insetos também estão, para que o expectador não se esqueça do medo.
Vale destacar a trilha sonora com várias músicas dos anos 50, principalmente com a belíssima "In Dreams" de Roy Orbison. É ao som dessa música que duas das cenas mais perturbadoras são exibidas. Em uma delas, Jeffrey é espancado por Frank na beira de uma estrada enquanto pessoas em volta se divertem vendo a surra que Jeffrey leva, pessoas de aparências bizarras. Uma mulher enorme dança em cima do capô do carro estacionado na beira de estrada escura em que se passa a cena. Surreal.
O elenco ainda conta com a jovem Laura Dern. E Isabella Rossellini belíssima!

sexta-feira, 11 de maio de 2012

"Por que você usa essa roupa estúpida de homem?"


"Donnie Darko" é um filme de suspense, produzido em 2001 e dirigido por Richard Kelly. 

Fracasso nos cinemas, "Donnie Darko" alcançou, anos depois de sua estréia, status de cult. Mas por quê?

O filme, que se passa nos Anos 80, narra a história de Donnie Darko (Jake Gyllenhaal, jovem, em início de carreira). Donnie é um rapaz problemático, transtornado e que tem visões durante a noite com Frank, uma pessoa com uma fantasia monstruosa de coelho. Frank diz a Donnie que o mundo acabará dentro de 28 dias, 6 horas, 42 minutos e 12 segundos. Donnie permanece sob constante influência de Frank. Com um comportamento descontrolado e anti-social, é submetido à terapia e, escapa de um acidente nada convencional. É por esse caminho que a trama se desenrola. Complicado? Sim, é.

Frank conduz Donnie por um caminho destrutivo e sinistro. O protagonista é direcionado a extrapolar a barreira do conformismo que está estabelecida na comunidade retratada no filme. Conformismo esse, que é ilustrado muito bem em como a maioria dos personagens segue cegamente os conselhos de um guru fundamentalista.

Com um roteiro complicado e uma péssima divulgação, Donnie Darko quase não foi notado em 2001. Porém, uma geração de pessoas carentes de bons suspenses descobriu Donnie Darko, o tornou extremamente popular entre os cinéfilos na internet, atingindo o status de cult (provavelente é o melhor exemplar de filme que se popularizou graças à internet).

Mas quando digo "roteiro complicado", não quero dizer "roteiro ruim", muito pelo contrário. O roteiro é extremamente bem desenvolvido e amarra todas as pontas até o final. A direção tranquila de Richard Kelly também contribui muito para um bom desenrolar da história. O diretor trata o protagonista com extremo cuidado e carinho e todas as sequências são dirigidas de uma forma paciente e detalhista, de forma que tudo, em cada cena, é muito bem explorado.

O filme também tem seus problemas. O desenrolar do romance no colégio e os "bad boys" da trama parecem, até certo ponto, propositalmente transpirar clichê. Mas isso não atrapalha o longa. As atuações bem seguras de todos os coadjuvantes dão naturalidade e credibilidade ao filme. Mas o destaque principal fica por conta de Jake Gyllenhaal, que mesmo ainda um inexperiente ator, convence muito bem no papel de Donnie. O expectador crê em seus medos, em seus problemas, teme pelas consequências que o protagonista terá de enfrentar pelos seus atos, e mais do que isso, torce por ele. Tudo isso graças a Jake e a Richard Kelly.

Destaco também a trilha sonora com o melhor dos Anos 80. É empolgante a sequência nos créditos iniciais ao som de "Never Tear us Apart" do INXS. Além da trilha sonora, vale citar que na sessão de cinema que Donnie vai com sua namorada, é exibido o filme "A Morte do Demônio" de 1991, um clássico/cult/trash do cinema.

Donnie Darko é um filme sobre o além, sobre viagem no tempo, sobre tragédia, sobre conformismo e, principalmente, sobre a vida.